Templos de Santo Amaro

OS TEMPLOS DE NOSSO TORRÃO

I

TEMPLOS PARADIGMA

     1. Os humanos construíram lugares, templos palpáveis, visíveis e admiráveis, onde podem aprender a sentir a voz de Deus, sempre, e em comunidade, no fundo do seu coração.

     Deus se enternece quando os homens lhe constroem templos majestosos ou pequenas ermidas, para o exaltar, como quando cuidam dos excluídos e carentes, por amor aos irmãos…

     Todos os templos são extensão da comunidade: são lugares de aprender e de louvar.

Capelinha Antiga

     Deus é o mesmo, numa humilde e discreta capela rural, como numa magnífica e monumental catedral gótica, ou de linhas modernas, arrojadas…

     A diferença está no nosso olhar… na nossa alma e no nosso coração.

     Em Santo Amaro/São Paulo temos templos paradigmáticos, que cultivam Deus e as forças espirituais; as forças do bem…

     As pessoas se encantam com monumentos de pedra, quando aí aprendem e fortalecem a fé, as esperanças e o amor.

     Deus se encanta com as pessoas sinceras e leais, quer estejam em magníficos templos, ou em humildes casebres.

     Deus se enternece que façamos o bem, sem olhar a quem.

     Deus não é maior, porque lhe construímos templos, mas nós somos bem maiores, quando lhe construímos templos, por amor, a Ele e à comunidade, ao bem comum, com fé, esperança e solidariedade.

     2. Catedral de Santo Amaro.

Catedral de Santo Amaro/SP

O templo mais antigo, nesta pequena parte do mundo, é a Catedral de Santo Amaro, a Igreja Matriz.

     Um lugar bom para orar e meditar: para sentirmos Deus em nós, a nos iluminar; a nos apontar caminhos do bem, do bom conviver e do amar. Lugar bom para ouvir a Palavra, o Verbo… e para louvar e agradecer a Deus, por sua graças…

     Qualquer Igreja, ampla ou acanhada, ou pobre ermida, no alto de uma colina, ou no fundo de um vale, todas elas nos convidam a orar e a meditar; a levantar o espírito para o alto; a superarmos nossa pequenez; a alçarmos nossos pensamentos, para o alto, para Deus.

     “Sursum corda”. (Corações ao alto).

     Lembre-se, sempre:

     “Vós sois o Templo de Deus; o Espírito de Deus habita em vós” (ICor. 3. 16 e 17).

     A nossa catedral é obra de muita dedicação de muitos…

     O templo é o espaço de reunião da comunidade; de encontro dos irmãos.

     O verdadeiro templo de Deus é a alma e o coração das pessoas de fé e de esperança que praticam a alteridade.

     3. Igreja Mãe de Deus

Igreja Mãe de Deus

Uma Igreja grande e despojada, como uma cabana de peregrinos, é a “Igreja da Mãe de Deus”, na Av. Interlagos.

     O que falta, em muitas Igrejas, é mais verde e mais flores, mais natureza… mais árvores…, mais arvoredo…

     O concreto é frio; não tem espírito… mas a alma é quente…

     Concentre-se.

     Cuide para não se dispersar…

     No templo, a comunidade, reunida, reza, louva e canta, com emoção e alegria.

     Guarda e reserva momentos de silêncio criativo, quando a pessoa fala a sós, com Deus em seu coração.

     Alegria é fundamental, mas muito alarido é dispersivo.

     Batucada barulhenta, na Igreja, está fora de lugar. Incomoda e ofusca a mente e o espírito.

     A Igreja não é lugar de aparências; é espaço de verdade…

     A Igreja é um convite à espiritualidade, um convite à sabedoria, um convite à palavra; é um convite ao encontro comunitário; quer estejamos acompanhados ou sós, Deus está em nós.

     A Igreja genuína articula o silêncio e o canto; a prece, o louvor e a gratidão.

     O templo de Deus está onde você está (ICor. 3. 16); onde está um crente sincero, leal e verdadeiro.

     4. Solo Sagrado

 Outra Igreja despojada, em lugar silencioso e convidativo, cercado de flores naturais, de matas nativas e das águas da Guarapiranga, é o Solo Sagrado da Guarapiranga, obra da Igreja Messiânica.

     Um lugar amplo, onde tudo nos convida a orar: o silêncio, o verde das árvores, a beleza das flores e o canto e o esvoaçar das aves, num céu límpido e azul…

     Tudo nos convida a orar e a refletir, em silêncio… A meditar em Deus e no sentido da vida e da convivência. A prestar atenção na Palavra de Deus!

     Deus vai no seu coração…

     Você pode orar e meditar em qualquer lugar, onde você possa se concentrar, e pensar em Deus, como todo o bem e no sentido da vida…

     Você pode orar e meditar, em qualquer Igreja, ou em qualquer lugar, onde puder se concentrar e fixar a mente em Deus; até num ônibus lotado, de pé ou sentado; até numa prisão, onde a maledicência te confinou…

     O templo de Deus Vivo é você.

     “Vós sois o templo do Deus vivo” (I Cor. 3, 16).

     Peça a Deus que abençoe seus passos, seu olhar, seu pensar; que abençoe seus braços, suas mãos, seu coração, seus sentidos e sentimentos…

     Que abençoe seu trabalho e seus planos de vida.

     Que Deus abençoe seus pais e seus irmãos e seus filhos, conhecidos e amigos; que abençoe o mundo e a humanidade…

     Que abençoe as mãos e o olhar e o coração de quem ama…

    5. Templo Budista Kwan-Yin

     Outro lugar paradigmático é o templo Kwan-Yin, no Grajaú (Varginha), em Santo Amaro.

     É um templo budista.

     Cada templo é sempre um convite para nos encontrarmos com o nosso Deus.

     Veremos então que religião genuína é necessária à nossa vida: religião também é cultura, precisamos dela na vida.

     A religião nos faz mais humanos; nos faz mais gente, mais cordiais, mais atentos.

     A religião genuína nos fortalece a alma e o coração.

     Religião é cultura, mas é muito mais do que cultura: é vida.

II

TEMPLOS PIONEIROS

     6. Nesta obra, falamos, brevemente, de alguns templos Cristãos Evangélicos:

     Falamos dos Adventistas; da Assembleia de Deus; do templo Luterano; da catedral Anglicana; de Budistas; de Messiânicos e dos Islâmicos; dos Batistas e dos Metodistas, dos Assembleístas…

     Poderíamos falar de outros mais, mas não precisa. Você mesmo as cite…

     Deus está em toda a parte e em todo o lugar.

     Está onde estamos.

     E Deus genuíno é um só, sempre o mesmo… com perfil de pai, com coração de pai e mãe, sempre acolhedor, sempre atento e misericordioso, clemente e amoroso.

     Ele é a Sabedoria…

     7. Se formos além dos velhos limites do Santo Amaro histórico, sem precisarmos sair de São Paulo, muito mais caminhos encontraremos, para, em Deus, nos deixarmos levar para os melhores destinos.

     Todos os bons caminhos se encontram em Deus, donde quer que partamos e por onde quer que passemos.

     O que nos deve dar sentido à vida são as quatro atitudes permanentes e fundamentais:

     – Conhecer-se;  Conviver;  Orar; Trabalhar; Amar.

     Ou os quatro modus vivendi: com equidade, equilíbrio, firmeza e alteridade.

     Estas atitudes, conscientes e leais, nos levam a Deus, se é Deus que procuramos, e se nele confiamos.

     Estas atitudes nos dão uma vida próspera, tranquila e sadia, mesmo na adversidade, na vida cotidiana.

     8. Neste Capítulo, falamos e expomos alguns dos templos que, de alguma forma, são ou foram pioneiros na região.

     Templos que se destacam, por estarem voltados para o bem da comunidade; templos que são obra de pessoas que lutam pelo bem, por Deus, pela comunidade.

     Cada templo é o resultado do amor e do sacrifício e da doação de muitas pessoas, que a Deus fizeram a sua oferenda, o fruto de seu trabalho.

     Os templos são obra de pessoas que, como Cristo, na Palestina, pensam no bem pessoal e social; nas pessoas e na comunidade; no físico, intelectual e na vida espiritual; que pregam a harmonia e o bem-estar, de todos, sem distinção.

     Cada um prega o amor, como sabe.

     São muitas as “Igrejas” que atuam em Santo Amaro. Centenas.

     Outras poderiam também ter lugar, neste espaço cultural. Mas o espaço é escasso.

     Que todos os Templos do Bem se sintam aqui representados.

     Releia ICor. 3. 16 e 17; e Lc. 6. 27-36.

     9. As Igrejas genuínas precisam encontrar e explicitar o seu denominador comum, para que possam conviver, cordialmente, e trocar experiências e planos conjuntos, pelo bem da humanidade, para além das questões dogmáticas.

     Precisamos virar a página dos tempos em que as religiões se guerreavam e desperdiçavam forças preciosas, que poderiam dedicar ao bem da humanidade e da comunidade; ao bem essencial das pessoas.

     Os templos, quaisquer que sejam as suas dimensões, são casas de reunião da comunidade, para, juntos louvarem a Deus e renovarem o espírito de perdão e de gratidão.

     Todo o templo deveria ser pensado como um espaço educativo, um espaço que nos convida à oração, à comunhão, ao respeito e amor mútuo…

     Tudo, no templo, deveria ter uma clara dimensão educativa, através dos sentidos, fortalecendo a alma.

     O templo é, por natureza, um convite de Deus…

III

AÇÃO SOCIOEDUCACIONAL DA IGREJA

     10. A Igreja Cristã Católica tem, como algo essencial ao Evangelho, como seu Código básico de pensamento e de ação, a prática do cuidado dos necessitados, dos doentes e dos carentes, como fez Jesus de Nazaré, sem se descuidar da vida espiritual, da lei do amor mútuo; sem se esquecer que “nem só de pão vivem as pessoas, mas também de toda a palavra de Deus”.

     A Igreja sempre foi um agente de educação das pessoas; sempre cuidou de hospitais, enfermarias, escolas e universidades;

     sempre foi um espaço de estudo, de ciência, de produção e divulgação do saber e da sabedoria.

     A Igreja ajudou a criar as Santas Casas.

     Ainda existem, em muitas Paróquias, as Irmandades de S. Vicente de Paula, de assistência aos carentes, aos desempregados, aos órfãos e viúvas; à infância… Ainda existem.

     – Existe também a Associação das Damas da Caridade, etc.

     – Muitas outras Igrejas se dedicam aos necessitados.

     Alguns se perdem em nulidades… infelizmente…

     – A Igreja de Cristo são as pessoas:

       “Sois o santuário de Deus e o Espírito de Deus habita em vós”. (ICor. 3.16).

     11. As Paróquias agem, neste setor sociocultural, educacional e assistencial, através das organizações sociais, a que a Igreja dá apoio e guarida.

     Isto só pode alegrar as pessoas de boa vontade… Fazer o bem faz bem.

     Através de leigos e voluntários; através de creches, cuida das crianças, enquanto as mães trabalham. Etc., etc.

     Através do escotismo ou de outras organizações, cuidas dos adolescentes, complementando o trabalho escolar.

     Por algum descuido, algumas Paróquias descuidam-se do trabalho social, espaço do Povo de Deus, nas Paróquias mais carentes e necessitadas. Esquecem as obras de misericórdia. Esquecem o essencial.

     As Paróquias mais abastadas costumam ser solidárias, com as mais carentes, em espírito de fraternidade…

     Por outro lado, a Igreja preocupa-se com o meio ambiente, com a preservação da natureza, para termos uma vida mais saudável, como recomenda o Papa Francisco, na exortação apostólica “Laudato Si” (Louvado Seja).

     Mas outras vezes disto se descuida…

     A Igreja nunca é alheia, nem indiferente aos sofrimentos das pessoas.

     Não pode ser, sem se negar a si mesma!

     As Igrejas genuínas são instituições educativas, para servirem melhor à sua comunidade…